É uma pena que o torcedor de futebol ainda não tenha percebido que parte considerável da cartolagem que sempre esteve à frente dos considerados grandes clubes - há algum tempo falidos -, enveredou pelo esquema dos SAFados e CITYados, que juntamente com as casas de apostas, mandam e desmandam no futebol, num poderoso esquema que precisa ser investigado com o rigor que se faz necessário. Os agentes corruptores agem da maneira que bem entendem, pois têm a certeza da impunidade.
Quem ainda tem dúvida é só consultar as recentes punições, quase sempre aplicadas a profissionais da bola em final de carreira ou iniciantes sem a experiência necessária para jogar em campo minado, verdadeiros bois de piranha que terminam sofrendo as consequências, com suspensões, multas e até banimento da atividade profissional. Porém, os novos patrões com seus investimentos bilionários, não estão nem aí e mandam ver. É assustadora a proliferação das casas de apostas, daí a necessidade da presença do Ministério Público para fiscalizar as irregularidades que venham a ser cometidas. A experiência de vida adquirida ao longo dos anos nos dá a maturidade suficiente para discernir a brutal diferença entre o bem e o mal, e o futebol está mais do que inserido na segunda opção.
Sem falar na insegurança promovida pelas rivalidades entre torcidas organizadas, quase sempre promovendo embates violentos e até mortes. É a criminalidade caminhando lado a lado, que prefere apostar na bola e na pistola, desprezando a escola. Para piorar as coisas, o recente golpe aplicado contra a CBF na calada da noite, ao destituir o presidente Ednaldo Rodrigues logo após o encerramento do Brasileirão, motivou a intervenção da FIFA no sentido de devolver a presidência da entidade máxima em conformidade com as normas estabelecidas que proíbe a interferência da justiça comum em circunstâncias que tais, sob pena de adotar medidas punitivas que podem até excluir o futebol brasileiro das competições internacionais.
Sempre comentei entre amigos que o título de campeão brasileiro da Série B pelo Vitória e a permanência do Bahia na Série A, com o rebaixamento do time de Pelé, custaria caro a Ednaldo, por um simples motivo: a cartolagem sulista daria o troco de imediato, como de fato ocorreu.
Aguardemos o desenrolar dos acontecimentos, na certeza de que a verdade pode tardar, mas não falha jamais.
Jorge Braga Barretto
E-mail: [email protected]
(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 29.12.2023.