Está mais do que evidente que o militarismo deve se restringir aos quartéis, com a finalidade única de defender a pátria quando esta se sentir ameaçada. O militar, qualquer que seja a patente, não pode nem deve participar ativamente da política partidária, exceto se abrir mão da farda em definitivo.
Alguém seria capaz de apontar no curso da nossa história alguma incursão na vida institucional envolvendo generais que não fosse pela via ditatorial, repressiva e sanguinária?. A quem interessou o golpe de estado de 1964, que se estendeu até 1985, castrando ao longo de 21 anos os sonhos de uma juventude perseguida por prisões, torturas e assassinatos?. Aos mesmos que golpearam Dilma e permaneceram até o final de 2022, apoiando a mentirosa Lava Jato que elegeu um capitão do mato subserviente acostumado a bater continência para a bandeira yankee, não medindo esforços na tentativa de desestabilizar governos legitimamente constituídos em eleições livres e democráticas.
E o general Mourão, ora senador, bolsominion e golpista por vocação, valendo-se da imunidade parlamentar - pelo menos por enquanto -, tem o desplante de encaminhar um PL natimorto propondo anistia aos condenados pela tentativa frustrada de golpe no dia 08 de janeiro, apostando na má formação política de muitos brasileiros que desconhecem os textos constitucionais. Não contavam com a pronta intervenção do STF, tendo o ministro Alexandre de Morais à frente do Órgão, verdadeiro baluarte em defesa da democracia. Esse "mourão" deu cupim, não serve nem para reforçar a cerca do curral onde se concentra a gadaiada bolsonarista incauta, pronta para o abate.
Uma coisa é certa: o Brasil caminha a passos largos para sua total redenção social e econômica, com a imprescindível reformulação das forças armadas e demais instituições ainda contaminadas pela desfaçatez daqueles que preferem pregar a violência, o negacionismo e o ódio. Cadeia para todos, sem perdão. Aqui se faz, aqui se paga.
Jorge Braga Barretto, Perito Criminal de Polícia Civil, aposentado, Bel em Direito e rubro negro.
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(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 08.03.2024.