Quem viveu a estagnação política durante o regime ditatorial deve guardar na memória a marchinha "Pra frente Brasil", idealizada em 1970 por ocasião da conquista da Copa do Mundo.. A alienação em forma de alegria que invadiu lares e avenidas quando o capitão Carlos Alberto erguia a taça ao lado do ditador Médici, contrastava com as torturas e assassinatos praticados nos porões dos DOI-CODs da vida.

Ainda que as Comissões da Verdade tenham cumprido seu papel e identificado os responsáveis pelos atos criminosos, o fato é que a impunidade continua até hoje em razão de uma anistia ampla geral e irrestrita aprovada por parlamentares da extrema direita que sempre apoiaram tais excrescências. São os mesmos que tentam descaradamente reeditar o feito, em vão, graças ao trabalho investigativo da Polícia Federal e ministros competentes, incansáveis e corajosos do Supremo Tribunal Federal, com ênfase para Fábio Dino e Alexandre de Morais. A ordem de prisão recente de Fernando Collor - aguardada desde o criminoso Plano Collor -, cria uma expectativa bastante positiva no sentido de acelerar o processo de condenação de Jair Messias Bolsonaro - mesmo na estranha UTI, onde recebeu a intimação - e toda a quadrilha responsável pela tentativa de golpe em 08 de janeiro. É imprescindível varrer o lixo político que insiste em corromper nossas instituições - como a recente fraude bilionária no INSS -, tirando de circulação  todos os envolvidos, com penas exemplares.

Sejamos "revolucionários", como bem enfatizava o papa Francisco, na luta incessante pela vitória do bem comum. Por ironia do destino, a referida marchinha começa a surtir efeito depois de mais de meio século.

Jorge Braga Barretto - Soteropolitano, Perito Criminal de Polícia Civil aposentado, Bel em Direito, rubro-negro, autor de diversos artigos publicados no jornal A Tarde (Espaço do Leitor), no site O Servidor e no Portal de Notícias Página de Polícia.
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(*) Publicado no Jornal A Tarde, (Espaço do Leitor), edição de 26.04.2025.